Narcisum Salvatis

Lembro-me quando tinha entre 6 e 7 anos e minha mãe havia chegado de viagem bem entusiasmada com uma peça da Broadway – O Fantasma da Ópera. Mais especificamente lembro-me da cena onde estávamos sentadas no chão da sala, em frente ao som, ouvindo o CD que ela trouxera do grande espetáculo. Ali ela relatara em detalhes a tragédia, o romance e o suspense envolvente em que era regida a peça. Enquanto as palavras saltavam de sua boca cheias de expressão, ao fundo as vozes inebriantes serviam de mecanismos para formação de algo dantesco em minha mente, eram imagens, que eu criara sem ver com os meus olhos, baseados na percepção da minha narradora, mas era os meus outros sentidos que se faziam capazes de formular cada detalhe visual.
E é com essas lembranças e tantas outras que entro em um paradoxo: a visão nos cega. Naqueles instantes eu conseguia organizar o meu próprio modo de vista, meus ouvidos captavam informações e a partir dali meu cérebro se tornara um mar no infinito da imaginação. A imagem formada pela retina é o famoso rótulo que as pessoas levantam em debates, é apenas a primeira imagem propriamente dita. Preferia caminhar com os olhos vendados, pois minha visão é preconceituosa, não sei se consigo olhar sem julgar, ainda que seja um “bom” julgamento, quem poderá afirmar que o que os olhos ali vêem é o que realmente é?!
Hoje entendo o que a frase, clichê, “o que os olhos não vêem o coração não sente” quer dizer: se não fossemos atraídos pelo rótulo talvez nós não nos frustrássemos tanto com os falsos produtos, obviamente é apenas uma das tantas vertentes que se pode interpretar, mas não deixa de ser um fato.
Eugene Bavcar, um fotógrafo cego, indaga: “Mas vocês não vêem corretamente, vocês são cegos. Pois hoje vivemos num mundo de cegos. As imagens são propostas pela televisão, imagens prontas”. Somos reféns da imagem, e o pior, reféns de imagens transpostas por alguém. É como se as imagens estivessem sempre procurando quem as compre. Às vezes canso de viver nesse mundo onde quem vê cara deduz o coração, onde as pessoas são vítimas da vaidade exacerbada e tendem a se moldar pra fazer parte de um núcleo de atenção desejável. Talvez se Narciso fosse cego ele não teria morrido afogado.

Bond Leklost da Insanidade

Bem, como alguns já sabem, o Insanoscópio saiu do ar por um momento porque fomos hackeados ( ou hackiados como eles preferem escrever) por um grupo intitulado  "Bond da Stronda". Aí eu fui pesquisar o que era isso. Imaginei um grupo de playssons (do tipo que tiram fotos no banheiro do shopping Iguatemi), mas o Bond da Stronda é mais do que isso.

 Bond da stronda na verdade é uma dupla de rappers "representantes de toda Playssitude" (como eles se denominam). Tocaram duas vezes em malhação e "Boom", todo mundo era "stronda" também. O nome foi adicionado a outros dessa modalidade -tipo: " L£@ndrinh0 $olz@ Lek Strønda" ou "ღ*•maiara løst Strøoonda ツ☏.*☆**♡" no -orkut. No msn todos passaram a ouvir esses caras. E a cachoeira de grana que caiu na conta dessa dupla foi tão grande que um deles dormiu como Gustavo e  acordou Arnold Schwarzenegger, efeitos latentes das vitaminas A, D e E.  , e o outro é a mistura de Lil wayne e Justin Bieber.  (Assistam o vídeo abaixo. Assistam mesmo!)




Nessa música você vê o modo de vida do Playsson e a competição entre eles pra ver quem é o mais Stronda. É  assim que se resume a vida de um "lek lost": Boné de aba reta, esteróides e Red Bull -de vez em quando Jiu-Jitsu e bem de vez quando garotas.
 E  os futuros Bill Gates e Steve Jobs que hackearam nosso blog queriam entrar nesse nicho intelectual. Se conseguiram, não sei. Só sei que eles abriram novas oportunidades para o Bond da Insanidade.
Voltamos!!!
"O Bond da insanidade tá chegando na irmandade/ encarando de frente a verdade/só assim se consegue a felicidade" - V1¢tow SΣQUЄŁΛ ß.Ø /ρrøfiiłє Ø2

Zodíaco do futebol



Na Astrologia, o signo ascendente, ou simplesmente ascendente , é o signo do Zodíaco que estava surgindo no horizonte no momento do nascimento da pessoa. Representa as características que surgem num primeiro olhar imediato, aquilo que irrompe de uma pessoa quando ela se coloca diante do mundo. O ascendente se manifesta desde o nascimento, na forma como nasce. As qualidades ascendentes são poderosas desde cedo e, por ser as externas,tendem a ser vistas com mais facilidade do que as qualidades do signo solar, as internas. Segundo um conceito astrológico tradicional, este planeta é o chamado “senhor” do mapa astral, que matiza toda a identidade de uma pessoa. O ascendente se junta ao signo solar e ao signo lunar, perfazendo a “identidade astrológica” mais poderosa de cada pessoa. (Por: Wikipédia)

Horóscopo, runas antigas, tarô, simpatias, numerologia, combinações astrais, horóscopo chinês, egípcio, paquistanês, João Bidu, a morte de Michael Jackson… Não acredito e nunca acreditei em nada disso. Respeito qualquer espécie de crença, mas meu referencial de vida é a bíblia. Mas não é sobre ela que vou falar hoje.
O jeito de falar e de mover o corpo enquanto fala, o timbre da voz, o balanço de cada fio de cabelo, a superfície da pele, os traços que compõem olhos e bocas, as reações a qualquer circunstância, a inteligência, a personalidade… Cada detalhe da existência do ser humano faz dele uma obra única. Acreditem, eu também sou uma obra única. A maneira pela qual me expresso em boa parte dos lugares é bem comunicativa, eu tento ser simpático e agradável. As pessoas sempre comentam que tenho um jeito sério e engraçado de falar, isso é incoerente, enfim…Mas ainda não descobri por que tantas pessoas ao me conhecerem, ou ao me conhecerem melhor, se interessam tanto pelo meu signo. É impressionante. Isso sempre me intrigou. Recentemente eu conheci um cara que perguntou meu signo com dois dedos de prosa. Depois ele falou sobre minha personalidade; meu jeito; minhas piadas, tudo com base no signo de libra. Não dei muito importância pra o que o guru universitário falou, mas aquele papo me proporcionou algumas reflexões.
Todo mundo conhece um fanático por futebol, o Brasil esta repleto deles. Os torcedores lotam os estádios, compram camisas caras, viram sócios de clubes, assinam o pay per view, fazem protestos, brigam entre si, dão nomes de craques aos filhos… Existem pessoas que adoram o futebol e, sobretudo, adoram seus times. Matam e morrem por eles. Aqui, não são poucos os casos de conflitos violentos entre torcidas organizadas. É impressionante como esse esporte movimenta um volume monstruoso de dinheiro em vários países. Jogadores caríssimos, patrocínios milionários. Mais impressionante ainda é saber que tudo isso é movimentado por paixão. “Bahêa, Bahêa minha vida, Bahêa meu orgulho, Bahêa meu amor ôôô…”. São milhões de brasileiros que amam e vivem por seus times. Mas o que faz nascer toda essa paixão? Resumidamente, crê-se que a os movimentos astronômicos no instante do nascimento de cada pessoa determina a “identidade astrológica” dela. Assim, o comportamento de um indivíduo; seu temperamento; seus sentimentos mais latendes; seus instintos mais fortes; seus interesses mais envolventes… Tudo é muito previsível e determinado pelo seu horóscopo. A veracidade disso ou não, se você acredita nisso ou não, se eu acredito nisso ou não, não é onde quero chegar. Não. Depois de refletir tanto sobre isso, acabei chegando no futebol. E foi onde eu mais viajei. O que é que move essa paixão? O que faz milhares se veem através de onze? O que há em mim, Jehiel Casaes, que me faz um corinthiano apaixonado? A astrologia dá explicações espiritualmente “lógicas” pra muitas coisas, mas acho que o futebol vai muito além. É viver, amar, lutar e morrer por uma camisa, um time, uma empresa, pela honra de gerações. Acho isso absolutamente irracional, mas não consigo deixar de cantar: “Aqui tem um bando de loco, loucos por ti, Corintihans…!”

Jehiel Casaes 

Uma prosa com a modinha, o chato e Schopenhauer…

Bem, o meu tempo áureo de internet coincidiu com uma febre musical e comportamental insana e sem sentido, chamada Emocore. E eu, como pré-adolescente “não-alinhado” com essa babaquice, criticava duramente essa galera de cérebro pequeno e tempo de sobra. Mas que cabeça, a minha. Entrar em comunidades, criar fakes pra xingar esses caras, cuspir em cima de posters do Fresno, CPM 22. Foi-se o tempo.


Eles são bizarros, mas não há nada melhor do que ignorar a existência deles
Hoje eu olho para trás e lamento. Lamento porque eu era tão babaca quanto eles, porquanto me organizava pra combater um bando de idiotas – Pra você se achar designado a esse trabalho tem que ser um quadrúpede mesmo. Ainda olhando pro passado, vejo que ele se repete. A mesma magreza dos músicos, os mesmos cabelos feitos com a chapinha da irmã, só um pouquinho mais de cor, o que os tornam mais espalhafatosos e o mundo mais triste. O que não mudou também foi a cabeça dos fãs dessas aberrações. Continuam altamente massificados e bitolados. Mas quem perde tempo se aglutinando contra essa galera, entrando em comunidade, dizendo que “Se Restart é rock’n roll, Xuxa é heavy metal” e etc, é tão tonto quanto esse povo rosa choque, só que em sentido contrário.
Enfim, o que eu quero dizer nesse curto post é que a juventude de hoje precisa de alguma tábua ideológica pra se agarrar, se não for nas cores do Restart, é na falta de cores do “antirrestart” ou de qualquer outra coisa que é idealizada por uma pessoa e seguida por uma multidão sedenta por ocupação. Aí que entra o Wolverine da filosofia, Schopenhauer. Ele disse que pensar com a cabeça alheia é a maior demonstração de “menoridade mental”. Então, aí vai um conselho pra essa galera que se estapeia entre o Punk, o Indie e o Emo, pensem com suas próprias cabeças, criem suas próprias opiniões, tenho certeza que não vai sobrar tempo pra militar em causas tão medíocres.

New Orleans, a cidade que não pára

E aí, pessoal!? Maio passou bem rápido, hein!? Durou menos que um post… Mas mesmo assim, o blog continuou recebedo um número legal de visitas. Valeu mesmo! Pra voltar a atividade, vai aí esse texto muito bacana do Estadão. Fiquem à vontade para colaborar comentando.
Aquele abraço!
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Jotabê Medeiros – enviado especial de O Estado de S. Paulo

NEW ORLEANS – New Orleans está na moda. Tornou-se nos anos 2000 algo parecido ao que São Francisco foi nos anos 60: um Eldorado cultural, uma zona franca de ebulição artística, utopia urbana de paz, amor e música. Refeita completamente da destruição do furacão Katrina, que a devastou em 2005, a cidade recebe hoje cerca de 7,5 milhões de turistas todo ano, que deixam US$ 4,2 bilhões em seus caixas (600 milhões de espectadores desembarcam apenas para o seu mítico festival de jazz, realizado há 40 anos). Para completar o ciclo de orgulho dos “neworleanians”, 106 milhões de pessoas viram pela TV o time da cidade, o New Orleans Saints, faturar o primeiro Superbowl de sua história este ano.
Cenário privilegiado de filmes e musicais, a terra de Um Bonde Chamado Desejo (de Tennessee Williams) assistiu à abertura, este ano, em seu Lower Garden District, de um superestúdio de cinema, o Second Line Stages, investimento de US$ 32 milhões. Artistas de ponta, como Simon & Garfunkel (que cobram US$ 1 milhão por show), abrem exceções em suas agendas só para tocar no JazzFest, a festa sem fronteiras que reúne 400 estrelas todo ano. Cultura é o motor dessa onda. “Achamos que a cultura é mais importante que o turismo. É a cultura que entrega o pacote turístico. Então, financiamos a música na Louisiana porque cremos que é necessário para a economia”, disse ao Estado Mitch Landrieu, prefeito de New Orleans e vice-governador da Louisiana.
O prefeito estuda um lance ousado: dar isenção fiscal aos empresários que apoiarem a atividade musical. Ele quer expandir os clubes de música para além do French Quarter (o bairro turístico, onde se concentram as boates), com o intuito de criar “uma Meca musical”. “Toda vez que se fala em abrir novo clube de jazz em um bairro, a vizinhança começa a ficar nervosa”, pondera a cantora Irma Thomas, decana do R&B de New Orleans e uma espécie de primeira-dama da música da cidade. É compreensível o receio: os trompetes & trombones soam ininterruptamente pela noite adentro da cidade. E também pelas manhãs, ruas e esquinas: jams e shows-surpresa pipocam por todo lado, como os da Louisiana Music Factory, mais antiga loja de discos local.
“Mas é preciso criar espaços. Muitos clubes de jazz abandonados após o Katrina não foram reabertos”, diz Irma Thomas. Por conta disso, jazzistas engajados tomam a dianteira do poder público e criam sozinhos alternativas. É o caso do trompetista Irvin Mayfield, que se associou ao dono de um hotel na Bourbon Street e abriu o Jazz Playhouse. Ali, ele promove shows de novos artistas que considera excepcionais, como a cantora Johnaye Kendrick e o trompetista Leon “Kid Chocolate” Brown. “Acho que as pessoas passaram a curtir mais a música após o Katrina”, diz Terrence Simien, músico de zydeco, ritmo tradicional da região. Simien ganhou o Grammy em 2008. Dados do New Orleans Metropolitan Convention & Visitors Bureau, Inc. mostram que a plateia internacional que mais cresce na região vem do distante Brasil. Segundo Kim Priez, vice-presidente do Bureau, o número atual é de cerca de 40 mil brasileiros e deve chegar a 60 mil em 2012. O incremento turístico gera emprego e renda: só na reforma do Louis Armstrong International Airport serão gastos US$ 400 milhões.
Série de TV. A saga de ressurreição contínua de New Orleans está sendo contada numa série da HBO, Treme, de David Simon (autor da premiada The Wire). Treme (pronuncia-se trúmei) é nome de um subúrbio de New Orleans, famoso pela música e os índices de criminalidade. Protagonizada por músicos reais, como Elvis Costello, Allen Toussaint e o trompetista Kermit Ruffins, a série repisa argumentos contra o governo americano no descaso criminoso como tratou New Orleans durante a tragédia (o prêmio Pulitzer deste ano, ganho pelo site ProPublica, também trata do tema).
A cidade de New Orleans não apenas sobreviveu a essa infâmia, como se converte agora em unanimidade. “Nos interessa, em vez de relações com Washington, ter uma conexão direta com pessoas com expectativas semelhantes da vida e da arte. Queremos gravar aqui com gente como vocês, ir gravar no Brasil. É nossa alma gêmea musical”, diz Frank Alquist, dono do maior estúdio de gravações de New Orleans. Na semana passada, ele recebia o celebrado grupo R.E.M. e a Dave Matthews Band. “Eles vêm aqui em busca da atmosfera, da matéria-prima original”, avalia.

Noel quem??

Bem, todo brasileiro que assista Globo, ouça rádio FM e que não viva em estado vegetativo trancado num quarto hermético conhece composições como “Fita amarela”, “Com que roupa” e “Gago apaixonado”, mas atribui as músicas a outros compositores. Um dia, ouvindo algumas músicas de Chico Buarque, encontrei a canção “A Rita”, que fala em um trecho:
” Levou seu retrato, seu trapo, seu prato
Que papel! Uma imagem de são Francisco
E um bom disco de Noel”
Eu, como fã de Chico, me perguntei ” Quem foi esse Noel?”. Santa ignorância! Foi o maior, melhor, o mais genial sambista de todos os tempos. Em seus 27 anos de vida compôs mais de 300 sambas, e muitos deles continuam na boca do povo. Com rimas fáceis, músicas pequenas e de fácil memorização, Noel primava pelo bom-humor e pelo sarcasmo nas suas letras, sempre inspirado no cotidiano carioca. Galanteador nato, preferia conquistar as cabrochas pela sua inteligência, seu bandolim e suas letras, uma delas era dona de um Cabaré. Isso mostra a vida boemia de Noel. Com noites perdidas, bebedeiras e orgias, acabou com sua saúde, contraiu tuberculose e morreu jovem em 1937. Viveu tempo suficiente, porém, para se tornar um mito. Mas espera! Mito pra quem? Quem conhece esse cara? Quase ninguém. Mas quem conhece reconhece a grandeza desse magrelo estranho.
Aí vai uma música de Noel cantada por Chico. Saudações da Vila!

Leitmotiv

Os Desafinados é um filme brasileiro produzido em 2006 e lançado em 2008, dirigido por Walter Lima Jr.. Nos anos 60, cinco amigos formam a banda Rio Bossa Cinco. Eles buscam o sucesso e sonham tocar no Carnegie Hall. Assim, vão para Manhattan e, lá, encontram uma musa, filha de uma brasileira com um americano que volta com eles ao Brasil e se junta ao grupo. O filme é pontuado pelo movimento musical da Bossa Nova e pelo momento político no Brasil. Por:Wikipédia

Pra falar a verdade, nunca assisti Os Desafinados. Eu estava batendo um papo com Kiko ontem à noite e disse à ele que iria postar hoje. Ele foi embora e eu fui pra casa pensando no que postar. Antes de chegar ao meu singelo cafofo, passei na locadora pra devolver os filmes desse final de semana. Correndo os olhos sobre estantes, encontrei uma capa que me chamou atenção. Li a sinopse de Os Desafinados. Pronto, pensei, isso dá post! Lembrei de uns bons papos que tenho com Filipe, um grande amigo que é também um grande músico; com Victor, que, apesar de conhecer pouco mais que três acordes de violão, tem um gosto sofisticado pra música, conhece muito bem os grandes estilos, seus maiores intérpretes e seus respectivos álbuns; e com Kiko, baixista e amante da “boa” música, entende bastante de jazz e é a única pessoa que eu posso conversar sobre essa paixão. Mas não gerou muito, não consegui sintetizar tudo pra colocar num post. Depois de pensar tanto, resolvi deixar o assunto pra hoje. Pois é, começa a segunda e logo cedo me entrego à rotina. Durante o dia fui fazendo o que devia ser feito e deixando as idéias rolarem pela cabeça. Enquanto eu voltava da faculdade, fiquei olhando a chuva na orla de Salvador, fantástico! Ao mesmo tempo imaginava as músicas que combinavam com esse tempo frio e chuvoso. Mas, mesmo num clima tão inspirador, não me ocorria nada interessante pra escrever. À noite, fui pro meu quarto tentar pensar em alguma coisa. Acabei desistindo de escrever. Idéias deixadas pra lá, fui pensar em mim mesmo, no que tem acontecido comigo e ao meu redor. Apaguei a luz, liguei o rádio e…

Leitmotiv (Em alemão: “motivo principal”), recorrente tema musical que aparecem geralmente nas óperas, mas também em poemas sinfônicos .Ele é usado para reforçar a ação dramática, para fornecer insight psicológico dos personagens, e para recordar ou sugerir ao ouvinte idéias extramusicais relevantes para o evento dramático. Em um sentido puramente musical, a repetição ou a transformação do tema também dá coesão às obras de grande escala. Por: Encyclopædia Britannica

Leitmotiv (do alemão, motivo condutor), em música, é uma técnica de composição introduzida por Richard Wagner em suas óperas, que consiste no uso de um ou mais temas que se repetem sempre que se encena uma passagem da ópera relacionada a uma personagem ou a um assunto.Atualmente, o uso do leitmotiv não se restringe à ópera. Também é utilizado largamente no cinema e em telenovelas. Por: Wikipédia

Caramba, é incrível como a música tem o poder de marcar nossas vidas. Aquela viagem, aquele tarde, aquele romance… Pra quem ama a música é difícil não associar alguém ou algum momento significativo àquela canção que tanto gosta ou que quer esquecer. E conforme o tempo vai passando, a vida de cada um vai formando seu leitmotiv. A primeira vez que ouvi esse termo foi num concerto da Neojibá no TCA, a partir de então comecei a listar as músicas que compõem minha leitmotiv. E enquanto eu pensava no escuro do meu quarto sobre determinada passagem da minha vida, seu motivo condutor começou a tocar na rádio. É engraçado como uma música de 1983 a qual eu já ouvi incansavelmente inúmeras vezes consegue me perseguir, parece que ela tem que tocar todas as vezes que eu ligo o rádio. E, por consequência, me fazer lembrar muitas coisas. Continuo achando que hoje não tive nada de interessante pra escrever, mas quero dizer que percebi que nós amantes da música não somos tão diferentes assim desses desafinados, nós também temos a música compondo nossa própria história.

Os poetas compõem as músicas e a música nos compõe.

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Ps. Já passou da meia-noite!

Jehiel Casaes 

Não me faça passar vergonha

” Não coloque o cotovelo em cima da mesa!”, “Tire o dedo do nariz!”, “Não cuspa no chão!”. Você com certeza ouviu uma dessas três frases de sua mãe, se não todas elas, e, certamente perguntou o porquê de todas essas regras e que diabos significa Bons modos. A pequena ética, ou etiqueta, sempre foi importante para delimitar os espaços de cada um e estabelecer pequenas normas de convivência.

Mas a partir do século XVIII isso se tornou uma grande obsessão. Pequenos livros foram escritos na França para mostrar como viviam os “homens bons”. E o pior de tudo, os nobres de toda Europa compravam e tentavam seguir à risca esses manuais do “savoir vivre” . Mas até na França a boa educação viveu seu declínio. Em 1789, com o advento da Revolução Francesa, tudo que era monárquico foi aviltado, até os bons modos. Os comprimentos como “Monsieur” e “Mademoiselle” foram substituídos por “Citoyen” e todo tipo de convenção social que lembrasse de longe o “Ancién regime” era jogada fora ou reinventada. Na França, o “savoir-vivre” só foi retomado em grande estilo depois do primeiro Império de Napoleão. Nessa época a obsessão pelo decoro tomou proporções sem precedentes a ponto da injúria ser hiperbolizada pelo duelo e a implatação de uma lei que proibia pessoas bem-educadas comessem ervilhas com a ponta da faca. Os novos ricos tinham bons motivos pra serem “bem-comportados”. Quais eram? Um dos motivos já foi dito, precisamos de pequenas regras para vivermos em sociedade. O outro é que a burguesia tinha que ter muito mais do que dinheiro pra ser nobre, tinha que se portar como tal.
Com a chegada do século XXI a etiqueta ganhou um novo contorno a “netiqueta”, que são os bons modos na Web onde o lema principal é : ” Antes de enviar uma mensagem, é preciso perguntar: Eu diria a mesma coisa se essa pessoa tivesse na minha frente?”.
Mesmo que as boas maneiras sejam usadas como arma para diferenciação social, elas são um dos pilares da sociedade. Que fila seria formada e respeitada sem que as pessoas tivessem o mínimo de educação e civilidade? A importância do savoir-vivre está em suprimir alguns instintos humanos em detrimento do bem-estar de uma comunidade. Até o camarada Lenin (anti-burguesia e suas convenções) disse certa vez:” Duas coisas a burguesia nos legou e não podemos dispensá-las: o bom gosto e as boas maneiras”. Sua mãe já deve ter lido isso em algum lugar… ou não.

Dialogue sur l'amour

O que é o amor? Alguns dizem que é um estado doentio, a busca de uma quimera, deletério da sociedade. A história mostra que já destronou reis – exemplo de Edward Windsor que abdicou ao trono britânico por amor a Wallis Simpson, fez Marco Antônio ir pra guerra por causa de Cleópatra, e Henrique VIII promover uma reforma religiosa para poder casar com Ana Bolena (embora saibamos que outros motivos além do amor martelavam a cabeça dos Tudor). Napoelão chegou a afirmar: ” Acredito firmemente que o amor faz mais mal que bem”. Ceifou a vida de jovens e depressivos Byronianos. Enfim, como disse Proust, ” Os que amam e os que são felizes não são os mesmos”.
Mas o amor é também o melhor do homem, a virtude dos corajosos e tudo aquilo que Camões escreveu. Faz de qualquer pedra um poeta, do suspiro uma rotina, e o mais egoísta encontrar a felicidade na ventura de outro alguém. Não há nada tão doce quanto o amor.
Bem, o final tá aberto a discussões. O que vocês pensam sobre o amor? Byronianos e Condoreiros, discutam!

Dominó e borboleta

Guitarrista, cantor e compositor, o britânico Eric Clapton é considerado um dos melhores guitarristas do mundo. Com64 anos de idade e 47 de carreira na bagagem, passou pelo hard rock, pop, reggae, blues-rock, rock psicodélico, mas sua sua verdadeira essência musical jamais deixou de ser o blues. Foi inovador durante as diversas fases da sua carreira e produziu grandes sucessos. É notável que esse cara é um gênio da música e, assim como todo gênio, é alguém complexo. Sua vida pessoal é nada admirável. Na década de 1970 era integrante da banda Derek and the Dominos, fizeram grande sucesso e gravaram um álbum duplo que hoje é considerado a obra-prima de Clapton: Layla and Other Assorted Love Songs. Mas mortes e tragédias marcaram o grupo e na época esse álbum não agradou muito a crítica. Esses e outros fatores contribuiram para que Clapton parasse de tocar, se tornasse um viciado em heroína e se entregasse por completo ao álcool. Fez declarações racistas esteve no centro de diversas polêmicas. Esse post continua, mas só fará sentido daqui pra frente se você assistir a esse vídeo e acompanhar a legenda.


“No dia 20 de março de 1991, às onze horas da manhã, Conor Clapton (com quatro anos e meio de idade) morreu ao cair da janela do 53º andar de um prédio de Nova York. A empregada deixou a janela parcialmente aberta, e Conor caiu no telhado de um prédio adjacente. Ao saber da morte do garoto, ela sofreu um colapso nervoso e teve de ser sedada e hospitalizada.A morte de Conor inspirou Clapton a compor Tears in Heaven que, segundo ele, o ajudou a aceitar a perda. Nunca foi planejada sua publicação, mas foi publicada mesmo assim. A mãe de Conor, Lori Del Santo, recusou-se a escutar a canção.Clapton desde 2004 decidiu parar de executá-la porque é muito emocional para ser executada em público. É uma das músicas mais pessoais de Clapton, mas para surpresa dele, a música virou um hit universal. Ao contrário de seus primeiros trabalhos, essa é uma das canções mais sensíveis e comoventes de Clapton. “-Fonte: Wikipédia.
Clapton passou por centros de recuperação, se recuperou, voltou a tocar… Sua vida continua seguindo. É interessante notar que pelo fato de ter passado por tantas experiências, altos e baixos na carreira e na vida pessoal, tudo que ele fez, sofreu e viveu contribuiu para sua produção artística. E apesar de ser uma referência no rock e no blues, sua música mais famosa não tem muito a ver com o que ele vinha fazendo até então. Não escrevo pra louvá-lo como profissional, essa não é a proposta. Escrevo porque isso me faz pensar no quanto as coisas são imprevisíveis. Se a empregada não tivesse deixado a janela aberta naquele dia, talvez Conor não tivesse morrido tão cedo. Se essa tragédia não tivesse acontecido, a humanidade jamais conheceria Tears in Heaven. Se Clapton não tivesse publicado essa música, eu jamais faria esse post. É tudo meio que um efeito borboleta e dominó ao mesmo tempo e agora. Isso é insano! Fico pensando às vezes como os milésimos de segundo alteram o destino da humanidade ou tão somente da vida de duas ou três pessoas. Você está lendo esse post agora, mas poderia estar na cozinha enquanto a tv está ligada anunciando o show do Buena Vista Social Cub que vai rolar nesse sábado no farol da Barra, aqui em Salvador. Você poderia ouvir o anúncio, assistir ao show conhecer por acaso a pessoal que se casará contigo… Ou não. Vou parar por aqui, sem nenhuma conclusão. Tenho mais o que fazer. Enquanto escrevo aqui poderia estar lavando minhas meias sujas e por isso ganhando passagens pra Disney, quem sabe?

Jehiel Casaes 

Napoleone di Buonaparte

Sim! Finalmente terminei de ler o melhor livro de minha vida, “Napoleão, uma biografia política” de Steven Englund. A história desse homem de 1,61 m espanta a todos pela sua coragem, inteligência e uma “força incrível” que vem atrás de todos seus pensamentos. Ele já nasce com a incrível sorte de ser cidadão francês (Gênova cedera a Córsega, sua cidade natal, à França um ano antes, tanto que seu irmão mais velho, José, não era francês de nascimento), com isso, seu pai, Carlo, consegue enviá-lo à escola de Autun, na França. Nessa escola e depois em Brienne que se mostra o grande gênio desse garoto. Com uma inclinação incrível para Matemática, ele consegue se transferir para a École Royale Militaire. Em uma das melhores escolas do País- onde ensinava o Marquês de Laplace – ele consegue se formar com as notas mais altas de sua turma. Depois de um ano na École Militaire, em vez dos dois usuais, Napoleão ingressa no oficialato como tenente de artilharia, o único corso. O resto todos já conhecem. Ele se torna General de divisão, administra as repúblicas Cisalpinas e o Egito, volta como Cônsul e depois “L’Empereur de France”. Mas o que mais me admira nesse grande ícone da história é sua força de vontade. O escritor Anatole France diz:
“ Seu intelecto, imenso em extensão, mas comum e vulgar, abarcava a humanidade sem se elevar acima dela. Pensava o que pensava qualquer granadeiro de seu exército, mas havia uma força incrível no seu pensamento”

Desde a morte de seu pai, aos seus quinze anos, Napoleão se torna o chefe dos Bonaparte. Sustentava sua família com o pequeno soldo de tenente, deixando muitas vezes de comer pra mandar dinheiro a sua mãe. Já como Imperador consegue dominar quase toda a Europa e impõe uma sanção duríssima à Inglaterra. Perde a guerra, é exilado na Ilha de Elba. Foge da ilha, volta como Imperador nos braços do Exército e do povo. É esse poder de superação e “força de pensamento” que faz Napoleão ser lembrado até hoje como uma das pessoas mais brilhantes de sua época. A sua glória e proeminência são simples conseqüências disso.

A máscara do Aranha

Na infância, Peter Parker se tornou órfão e foi morar com seus tios Ben e May Parker na cidade de Nova York. Cresceu e se tornou um cara tímido, desajeitado com as garotas, sem muitos amigos e um constante alvo de zoações, mas extremamente inteligente. Quase tudo muda na vida de Peter no dia em que, numa visitar escolar a um instituto científico, é picado por uma aranha radioativa. Aos poucos ele vai descobrindo seus novos poderes e fica entusiasmado pensando nas inúmeras maneiras de ganhar dinheiro com eles. Peter é enganado por um homem que em seguida é roubado, ele até poderia deter o bandido, mas, por vingança, o deixa escapar e ainda recebe um muito obrigado. Em sua fuga, o bandido mata um homem para roubar seu carro. Mata ninguém menos que Ben Parker, que esperava seu sobrinho à poucas quadras de distância da onde ele estava. Nesse dia, tudo muda na vida de Peter. Nesse dia nasce o Homem-aranha.
Sou fã desse herói desde criancinha, e é impressionante como seus filmes, desenhos e HQ’s sempre me levam a refletir sobre algo diferente de uma maneira diferente. Natural, pois é impossível ter eternamente a mesma opinião ou “ver com os mesmos olhos” as coisas ou as pessoas que nos cercam. Nossa compreensão sobre a vida, as coisas, as pessoas, etc. pode mudar quase que instantaneamente. A confiança, por exemplo, pode levar anos para ser estabelecida num relacionamento, mas poucas ou nenhuma palavra podem acabar com tudo que foi construído. Tudo mudou pra Peter quando tio Ben morreu. Ele teve sorte por ouvir um último conselho do seu tio quase morto, e esse conselho se torna um lema para o Homem-aranha: “Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades”. O poder consiste nos meios de que o homem dispõe para obter qualquer bem. Mas todo poder traz consigo uma carga de responsabilidade, e para Peter não foi diferente. Sabemos que o jovem nerd optou por abrir mão do conforto da conformidade para se tornar um grande herói. Grandes virtudes podem tornar alguém amado por muitos, e isso é poder porque se torna um meio de adquirir benefícios. Mas, além da fama existe a má fama. O aracnídeo luta contra super-vilões e robôs gigantes enquanto tem que conciliar sua vida “profissional” com seu trabalho, sua faculdade e seu conturbado relacionamento com Mary Jane. É aí que chego no ponto X da questão: ele não é só um herói, é também um vilão na opinião do seu chefe e redator do sensacionalista, maior e mais influente jornal da cidade. Por mais que alguém atribua a si um alto valor e esse valor seja verdadeiro, nunca será superior ao que lhe é atribuído pelos outros. E por mais que alguém possua um valor insignificante, pode de alguma forma fazer parecer que tem um valor maior do que verdadeiramente é, usar uma máscara. Nem sempre é possível ver além das máscaras, por isso atribuímos à uma pessoa o valor da sua máscara. Quem nós realmente conhecemos? Quem realmente somos? Quais são nossas máscaras? Peter tem valores que estão, ao mesmo tempo, por dentro e por fora da máscara do Spider Man. Ele assume as consequências por ser visto de maneira equivocada e mesmo assim faz o que é certo.
Vale mesmo a pena?

Jehiel Casaes

Ah! Esse aí é um excelente motivo para o Aranha tirar a máscara:http://www.youtube.com/watch?v=b_YN3oNXQKk

Kiko, Nietzsche e a Moral

No caminho de volta pra casa de um maravilhoso jantar, ouvi o meu grande amigo e parceiro desse blog, Kiko, falar, “Um dia as pessoas clamarão pela volta da moral”. Alguns segundos depois de refletir nessa frase, lembrei de uma outra de Nietzsche, “A moral é antinatural”. Procurei explicações do pensador alemão sobre esta afirmação. Ele explica que a moral castra o homem e por isso deveria ser evitada, porque o ser humano tem que ser livre para experimentar o que quiser. “A moral antinatural – ou seja, quase toda moral que até agora foi ensinada, venerada e pregada – volta-se, de modo oposto, contra os instintos vitais: é uma condenação desses instintos, ora secreta, ora explícita e impudente.” Essa afirmação resume bem o pensamento dele.  Mas será que a moral é tão maléfica assim? E a imoralidade? Ela é tão positiva como diz o filósofo?

Digo que no pathos que ele vivia tinha certa razão, pois a Igreja católica da época era extremamente controversa e a moral era usada de forma errada pelos mentores espirituais, extirpando do próprio homem o prazer de pensar. Mas hoje, de qualquer forma, Friedrich Nietzsche seria um néscio da objetividade. Por quê?  O amor ao pensamento que o filósofo tanto cultivava estaria em risco com a alta da amoralidade e da imoralidade. O “quase pastor” luterano não contava no futuro com advento da televisão e da internet e junto com ela a pesada carga de alienação gratuita. O que são todas essa “cargas” senão amoralidades? Elas são naturais, mas em contrapartida são maléficas ao pensar. Nietzsche estaria em apuros no ano de 2010.
A moral é imprescindível ao ser humano. Em doses corretas faz o homem se desenvolver e evita a hipnose midiática. Talvez em 2010 vaticinado por Kiko e com novas idéias, um aquiescente Nietzsche falasse, “A moral é antinatural…, mas faz um bem danado”.

O Insanoscópio

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