Pode ser a Gota d'água...
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Greve de Princípios
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Primeira temporada
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Nostalgie
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Mulher Perdigueira
Meus amigos reclamam quando suas namoradas o perseguem. Lamentam o barraco do ciúme, a insistência dos telefonemas para falarem praticamente nada, o cerceamento dos horários.
Sempre as mesmas tramas de tolhimento da liberdade, que todos concordam e soltam gargalhadas buscando um refúgio para respirar.
Eu me faço de surdo.
Fico com vontade de pedir emprestada a chave da prisão para passar o domingo. Acho o controle comovente. Invejável.
Não sou favorável à indiferença, à independência, ao casamento sartreano. Fui criado para fazer um puxadinho, agregar família, reunir dissidentes, explodir em verdades. Duas casas diferentes já é viagem, não me serve.
Aspiro ao casamento pirandelliano, um à procura permanente do outro. Sou um totalitário na paixão. Um tirano. Um ditador. Não me dê poder que escravizo. Não me dê espaço que cultivo. Não me eleja democraticamente que mudo a constituição e emendo os mandatos.
Quero uma mulher perdigueira, possessiva, que me ligue a cada quinze minutos para contar de uma ideia ou de uma nova invenção para salvar as finanças, quero uma mulher que ame meus amigos e odeie qualquer amiga que se aproxime. Que arda de ciúme imaginário para prevenir o que nem aconteceu. Que seja escandalosa na briga e me amaldiçoe se abandoná-la. Que faça trabalhos em terreiro para me assustar e me banhe de noite com o sal grosso de sua nudez. Que feche meu corpo quando sair de casa, que descosture meu corpo quando voltar. Que brigue pelo meu excesso de compromissos, que me fale barbaridades sob pressão e ternuras delicadíssimas ao despertar. Que peça desculpa depois do desespero e me beije chorando.
A mulher que ninguém quer, eu quero. Contraditória, incoerente, descabida. Que me envergonhe para respeitá-la. Que me reconheça para nos fortalecer.
A mulher que não sabe amar recuando e não tolera que eu ame atrasado. Que parcele em dez vezes seu dia, que não pague a conversa à vista na hora do jantar, que não junte suas notícias para contar de noite como um relatório. Admiro os bocados, as porções, as ninharias. Alegria pequena e preciosa de respirar rente ao seu nariz e definir com que roupa vou ao serviço.
O amor é uma comissão de inquérito, é abrir as contas, é grampear o telefone, é cheirar as camisas. É também o perdão, não conseguir dormir sem fazer as pazes.
O amor é cobrança, dor-de-cotovelo, não aceitar uma vida pela metade, não confundi-la com segurança. Exigir mais vontade quando ela se ofereceu inteira. Enlouquecê-la para pentear seus cabelos antes do vento. Enervá-la para que diga que não a entende. E entender menos e precisar mais.
Quem aspira ao conforto que se conserve solteiro. Eu me entrego para dependência. Não há nada mais agradável do que misturar os defeitos com as virtudes e perder as contas na partilha.
Não há nada mais valioso do que trabalhar integralmente para uma história. Não raciocinar outra coisa senão cortejá-la: avisá-la para espiar a lua cheia, recordar do varal quando começa a chover, decorar uma música para surpreendê-la, sublinhar uma frase para guardá-la.
Sou doido, mas doido varrido. Bem limpo. Aprendi a usar furadeira e agora entro fácil em parafuso. Quero uma mulher imatura, que possa adoecer e se recuperar do meu lado. Uma mulher que me provoque quando não estou a fim. Que dance em minhas costas para me reconciliar com o passado. Que me acalme quando estou no fim do filtro. Que me emagreça de ofensas.
Não me interessa um tempo comigo quando posso dividir a eternidade com alguém.
Quero uma mulher que esqueça o nome de seu pai e de sua mãe para nascer em meus olhos. Em todo momento. A toda hora. Incansavelmente. E que eu esteja apaixonado para nunca desmerecê-la, que esteja apaixonado para não diminuí-la aos amigos.
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Solidão
A solidão percorre cada cômodo da sua casa, deita do seu lado na cama e insiste em se juntar no seu jantar quieto. Que medo deste silêncio! Que medo de escutar sua própria voz lhe lembrando das suas falhas. Medo que inquieta ou deprime, que faz andar de um lado para ao outro ou simplesmente dormir, dormir pra não ter de pensar. E quando não adianta? Quando além de sozinho a insônia surge pra lhe pirraçar? Você se entope de remédios ou vai ler, ou quem sabe encontra alguém só e insone como você para conversar na internet. O que interessa aqui, é que você não se suporta, não suporta este vazio, não suporta e não sabe conviver com este silêncio incomum. Até consegue, à luz do dia, em meio a multidões, mas quando chega o fim da noite... Você foge.
De qualquer forma, não tem como não abraçar esta solidão por alguns minutos, não tem como não passar alguns minutos com o olhar perdido lembrando de alguma coisa que você achou ter deixado pra trás. Não tem como você não sentir falta dos seus pais, ou dos seus amigos ou parceiro, ou quem quer que seja. Não tem como você não senti um pouco de falta de você mesmo, de quem você era a 2, 5, 10 anos atrás e da sua vida com menos crises existenciais e pensamentos nostálgicos.
Esta solidão tanto lhe assombra porque questiona os seus hábitos automáticos, porque lhe indaga sobre questões teoricamente estabilizadas, como seu trabalho ou relacionamento amoroso. Você tem medo de ouvir de si mesmo que precisa sair da posição cômoda e mudar tudo. Tem medo de ouvir que não ama mais aquele homem ou mulher, que não quer mais aquele curso, ou que simplesmente não quer mais viver.
E por isso, eu peço por você e por mim: Querida solidão, deixe-nos sozinhos.
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DESPERTAR!
Acordar, se deparar com um céu desnudo, sentir em sua pele os raios de sol que ainda no alvorecer do dia te aquecem seguido de uma suave brisa trazendo consigo o arrepio e a sensação de proteção divina. Você então sorri e diz: “obrigada, Senhor! Obrigada porque sabemos que esse amor que nos faz transbordar de alegria é uma graça Tua”.
Conheço pessoas que todos os dias acordam de mau-humor, desligam o despertador e suspiram imaginando levantar, sair de casa e pegar o engarrafamento na paralela, chegar ao trabalho e aturar o chefe, na faculdade os professores… “mais um dia árduo de sacrifícios” e assim começam o dia com todo esse pessimismo, sem muitas vezes nem perceber isso. Imagino como seriam os meus dias se todas as manhãs eu entrasse nessa capa de enfado antes mesmo de levantar da cama. Talvez ela se tornasse tão pesada que eu não conseguira tirar ao longo do dia.
Começar o dia é começar de novo, é a página em branco que Deus nos dá para que já com as forças renovadas nós possamos escrever belas linhas que constem muita aventura e amor. Um dia onde você irá enfrentar os vilões (professores e chefes); vencer as forças do mal (perseguições); ultrapassar a lebre (obstáculos); recusar os doces e as maçãs (tentações); dar uma de Robin Wood (fazer boas ações); escalar castelos (ir além); resgatar princesas (ajudar amigos); e por fim salvar o dia (conseguir chegar em casa bem humorado).
Para obter êxito nessa jornada devemos acordar dispostos a conquistar, nos despojando da ira, da malícia, das palavras torpes, da mentira, dos maus costumes. Agindo com misericórdia, humildade, longanimidade, benignidade, revestindo-nos de amor, sendo esse o vínculo da perfeição assim como Deus nos ordenou. Se pararmos pra pensar que o simples fato de abrirmos os olhos mais uma vez já é uma dádiva do Senhor para conosco, ainda que por isso nada merecêssemos, não acordaríamos resmungando. Por isso continuo a dizer que enquanto alguns esperam por motivos pra sorrir eu preciso de muitos para chorar (quando assim for por tristeza). Quero acordar e dizer: “Ontem foi um bom dia! Hoje, será bem melhor!”. O que vai ter escrito nas linhas do teu conto?
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Azul clichê
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Deixa eu te contar uma história...
Esses dias eu estava dentro de um ônibus e lembrei o momento em que tive que escolher em que faculdade eu iria estudar. Fiquei pensando o quanto essa escolha mudou a minha vida, e tentando imaginar como poderia ser o diferente. Pra mim é quase imensurável.
Na época talvez eu não tivesse tanta noção do quanto isso influenciaria em todas as outras áreas da minha vida, ainda assim foi muito difícil optar por uma, partindo do ponto de que ambas eram muito bem vistas por mim. Eu deveria então estabelecer novos critérios para que eu pudesse ponderar as vantagens e desvantagens. Foi incrível como tudo na época favorecia a minha atual faculdade, coisas mínimas como o atendimento na recepção.
Mas voltando ao trajeto no ônibus, eu fiquei pensando como seria a minha vida sem as pessoas que hoje fazem parte dela e que conheci lá, é angustiante não saber como seria o diferente, mas ao mesmo tempo, mesmo sem saber o outro lado, tenho certeza da escolha certa. Certeza que só é possível porque antes de qualquer critério estabelecido por mim, eu pude colocar “minha” decisão nas mão de Quem sabe melhor do que ninguém o caminho em que devo seguir (Pv. 16.25). Eu sei que essa sim foi a maior e melhor escolha que já fiz.
Diante de toda essa reflexão, passei a semana pensando como seria se pudéssemos parar completamente o tempo em alguns momentos e analisar todas as escolhas que fizemos até aqui e as que estão em nossa frente só esperando a nossa ação.
Há todo momento somos convidados às escolhas e renuncias. Que possamos escolher com sabedoria... o fato que eu trouxe é aparentemente mais “sério” ou “importante” do que como por exemplo, escolher sair 10min. mais cedo ou mais tarde de algum lugar. No meu ponto de vista a diferença está apenas em que a primeira é visivelmente um fator de grande influência na vida, o que não quer dizer que os 10min. também não sejam.
Não deixe que a sensação de arrependimento permeie o teu coração, que a angustia da duvida se instale na sua vida.
A nossa vida diante das escolhas é como uma bola de neve, ainda que “rolemos” para o lado inverso, estaremos sempre acumulando mais neve.
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Como somos vistos e Como queremos ser
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Sobre o que ainda não se sabe
Essa imagem é a inspiração e o texto completo. Arte de Alex Ross |
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O Fado da Cuíca - Pt4
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O Fado da Cuíca - Pt3
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O Fado da Cuíca - Pt 2
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O Fado da Cuíca
Nasce Chico Cachaça
Meu nome, Francisco Santos, nascido em 1944 no Morro da Mangueira, onde fui criado. Vindo de onde eu vim só tinha um destino. Dar samba! Logo, logo meu pai me colocou nas rodas de Bamba, nelas eu comecei a ser conhecido como Chico Cachaça. Pura ironia dos meus parceiros. Parei de beber no primeiro porre, quando apanhei tremendamente de minha mãe com 17 anos- Só deixei de apanhar da velha no dia em que seus reflexos já eram mais lentos que meu corpo. O apelido vem muito mais da gozação que sempre se fazia quando eu mastigava o som do “x” e do “ch” e com essa alcunha eu era obrigado a falar duas vezes. Por causa desse defeito sempre fui muito tímido, nunca fui de falar muito, muito menos cantar. Fui relegado à cuíca, nunca reclamei, gostava dela, mas só gostava por causa das cuícas que eu ouvia em outros sambas e na minha escola de coração, a Estação Primeira de Mangueira.
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O livro, a menina; a mulher e seu amante
Pois bem, o conto é fascinante. Naquele momento foi contado com todo o entusiasmo maquiavélico do meu querido professor. Ele era um artista naquele momento, mas, naquele momento, seu talento não estava acima do de Clarice.
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Januária
Seus lábios fazem parte de uma linhagem real. Seu dedo tem o molde perfeito, feito pra invadir minha cabeça entre meus cabelos até minha nuca, entretendo minha pele. Sua voz tem um sereno jeito, corta macia meus ouvidos correndo um atalho, um caminho ilógico, que desbrava meu corpo inteiro.Sua íris castanha e direta tem um feitiço de roubar a utilidade dos outros olhos de olhar, e dá-lhes apenas a opção de saltar. Os antigos não perderiam o tempo com Netuno. Se te conhecessem, saberiam que apenas seus pés na areia fazem uma maré encher.
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Um por todos, todos por um
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Desligue a TV!
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Whisky, cachaça, tequila, rum e REDBULL
Contudo, temos que enxergar que coisas sombrias e um tanto quanto inusitadas acontecem por aí. Lembro bem de um movimento feminino que teve, onde um e-mail era disparado para a trupe das mulheres. Este e-mail dizia mais ou menos assim: “Onde você guarda sua bolsa quando chega em casa? Responda essa pergunta apenas colocando o local no perfil do Orkut, no MSN, no Facebook e demais redes sociais. Um detalhe: não divulguem este e-mails pros homens para eles ficarem curiosos.”
Qual o objetivo disso? Quem conseguiu iludi-las que isso seria eficaz? E hoje? O que isso trouxe pra vocês?
Algum tempo depois e me deparo com várias meninas colocando nas frases do Orkut: “Redbull”, “Whisky”, “Tequila”, “Gim”, “Rum”, etc. Vou deixar aqui um Link da possível fonte dessa “nova” “moda” feminina. É um texto que fala sobre mulher versus bebida, associando personalidade feminina ao tipo de bebida. Na lista não tem Redbull, o que me fez pensar numa possível leitura de personalidade da mulher que se identificou como tal:
1) As santinhas que não bebem ou que pensam que se associar o nome à bebida alcoólica serão excomungadas.
2) Aquelas que pensam que estão tão acima dos homens que eles terão que criar asas para alcançá-las
No fim aprendi uma coisa: não misture mulher com bebida, bolsas e, principalmente, internet! O resultado é daí pra pior. Prefiro confiar no brother abaixo:
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Torpor
O som da furadeira do vizinho invadiu meu sono como uma britadeira, a vassoura fustigou os meus ouvidos com um barulho agudo e infernal, trazendo um azedume aos dentes como tivessem sido lixados naquele momento , eu mal sabia se essas sensações eram reais ou faziam parte da minha fantasia noturna. Não tive tempo de saber. Se pelo menos fossem sonho, o estorvo passaria mais rápido, apesar de contaminar o dia inteiro com lembranças macabras, que não fariam o menor sentido. O sonho não me deu a possibilidade de questionar nada nem ninguém, eram imagens disparadas que atingiam o projetor interno do meu cérebro, o tempo de consultar minha memória na esperança de reconhecer algumas delas, era menor do que o intervalo entre uma face e outra. Então, eu me furtava a atirar para o alto , espantar todo tipo de medo, sentar na minha poltrona e ouvir o único som que não era de furadeira e nem de vassoura. Blossom Dearie tocando um Jazz no limiar do audível era o que me acalentava.
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