Pode ser a Gota d'água...

Estou cansado do médio. Estou cansado do intelectualismo cheiro-de-chuva e pés descalços, estou cansado da pobreza de substância nas revoluções nascidas na juventude. Estou cansado das barbas por fazer, camisas quadriculadas, óculos de armação grossa ou um Ray-Ban do Edward. Estou cansado da geração do Lobão, que critica Revelação, Calypso, Saiddy Bamba  por não terem a riqueza de rimas ou de inteligência, mas tem o mesmo exercício cerebral ao ouvirem essas músicas daqueles que curtem essas ditas “aberrações”. Estou cansado das prateleiras cheias de autores que escondem as ignorâncias de alguns leitores atrás de suas iniciais. Estou cansado de Belo Monte na boca e Nike nos pés. Estou cansado do rótulo “sem rótulo” que é cada vez mais rotulável pela falta de criatividade dos subversivos de monitor.  Estou cansado do Ocuppy Wall Street de pessoas que não conseguem apontar o país da rua ocupada no mapa.  Terceirizamos até nossas preocupações e revoluções hoje.

Gota d'água por gota d'água ainda prefiro essa:



Greve de Princípios

"O simples dá credito a cada palavra, mas o prudente atenta para os seus passos." Pv 14:15

A identidade dos jovens de hoje é tão camuflável e facilmente inflamável. Sabem muito bem quem são, até surgir a nova moda que vai mudá-los completamente. Alguém que entenda melhor sua alma, que concorde que o problema não tá neles ou, quem sabe, tenha uma revolução que o preencha. É a geração "wikiquote-cheguevara".

 Esses são intelectuais de twitter, não reconhecem nada que vem da fonte, gostam do líquido, mastigado. Iconoclastas, postam frases ideologicamente rasas , que nem sempre entendem, por um "like" de quem está pronto pra ser o próximo gênio do http://www.frasesepoemas.com.br . Achei graça e depois coloquei a mão na cabeça, depois de ter postado duas frases sem sentido no Facebook e colocado Clarice Lispector e Caio F. Abreu como autores delas, recebi mais de 11 "likes" em uma, só não foi pior, porque na outra, eu coloquei uma frase de Filó da "Escolinha do professor Raimundo", que os ocos bem conhecem. Não generalizo. Se todas as postagens e curtidas viessem com entendimento geral, tudo bem, mas é muito triste ver a reflexão com a cabeça de outro.

Mas podem ser também comunistas formados no terceiro ano ou no cursinho. Se acham imunes a qualquer tipo de alienação.   Têm Che Guevara no peito e Marcelo Camelo na cabeça, além de amarem todo tipo de arte rococó-bizarra.  Os barões da luta os aguardam pra formar o caldo de sua revolução, dando a eles a oportunidade de pertencerem a algo e os únicos argumentos são frases de Marx, de Che ou qualquer palavra de ordem. São filhos da face da direita na esquerda. Dormem enquanto pensam por eles.

Pense, siga seu passo, reflita. Não seja mais uma massa de manobra por pensar que está pensando, enquanto os que estão pensando por você fazem a verdadeira diferença.

Primeira temporada


Essa coisa  de guardar detalhes, sensações, datas, fatos simultâneos e ter uma música pra cada momento marcante sempre foi algo muito meu. Mas fui traído pela minha obsessão essa semana. Não sei por quê.

Há três anos atrás, comecei a viver uma das melhores coisas que já aconteceram comigo até agora. Uma fase, um período breve o suficiente pra se tornar um marco na minha vida. E ainda guardo cada lembrança, vivo cada lembrança. Seja num comentário saudoso ou num flash da memória. Nesse mês, três anos de história. Mas não lembrei.

Estranho é ver isso de um jeito tão saudoso, mas não poderia ser diferente. Tantas histórias em tão pouco tempo. Começando, terminando. Foi como acompanhar a maratona de um seriado na TV, onde em uma noite se vê anos e anos de episódios passando em algumas horas. Foi mais ou menos assim.

Dentro de tanta intensidade e desencontros, encontrei dois dos amigos mais preciosos que me pertencem. Pessoas às quais presto minha devoção, meus mais sinceros sentimentos e a minha lealdade fraternal. Realmente não sei quem eu seria se não tivesse-os em minha história. Mais feliz? Muito possível. Menos contente? Bem provável. Certo mesmo é que, por tantas coisas, já fazem parte de muito do que sou. E eu não trocaria nada, não mudaria nada de lugar.


Nostalgie

Numas dessas conversas bobas de café Delisyé com meus confraires, me vi como um objeto de estudo deles. Pierre Cardin levantou a discussão a partir de um comentário meu sobre os filmes de Stanley Kubrick acompanhado com uma cara de nojo dos outros desocupados da mesa. Marius Danglars resmungou que sempre foi assim, enquanto eles falavam das moças do Parque de Luxemburgo, descrevendo o movimento de suas silhuetas, eu viajava na beleza inocente e em preto e branco de Lolita. Eu realmente não entendo! Os anos 60 são anos dourados.  A década de ouro começou com a Primavera de Budapest e o cinema moderno, terminando com a invasão dos estudantes à faculdade de Sorbonne em Maio de 68.  Pra mim não existe nada desse tipo nos dias hoje!

Mas aí depois de outras mesas mais solitárias que a última e goles de cafés mais amargos, veio na minha cabeça que nenhuma revolução imitou o passado. A Revolução Francesa não teve precedentes históricos, a Revolta dos Cravos, em Portugal, levou o povo de volta ao poder depois da ditadura como nunca antes. Tudo que é reacionário um dia foi revolucionário e me vi como um revolucionário do passado, ou seja, um reacionário. Enquanto eu desejava demais viver em um tempo passado não conseguia perceber que o meu tempo passava, quis viver o que já foi escrito, quis lutar pelo que já foi vencido. Viver no passado talvez seja uma fuga do terror que é o futuro. Senti que o mundo com um monte de saudosistas como eu, seria um mundo miserável, sem olhar pra frente. Tudo que eu admirava era a vanguarda e eu era totalmente o contrário.

Paguei a conta do Café, atravessei o Rio Sena pela ponte Saint-Michel encarando face-a-face Notre-Dame. A visão da catedral me fez lembrar do corso sujo do Napoleão. O quanto ele se inspirou em Paoli pra criar um império no meio de uma revolução burguesa. A Bossa do Brésil conheceu o samba e o jazz pra fazer um tipo de som novo que mudou o rumo da música daquele país. E até rupturas mais violentas como o surrealismo de Dali precisava experimentar e se envolver com o passado pra rejeitá-lo. A vanguarda sem um pingo de inspiração no passado é morta e o saudosismo de costas para o futuro é inútil.

Mulher Perdigueira


Postando um texto que não é meu, mas relata as coisas do jeito que eu penso.


"Quero uma mulher perdigueira"

OBRA: Mulher Perdigueira
AUTOR: Fabricio Carpinejar


Meus amigos reclamam quando suas namoradas o perseguem. Lamentam o barraco do ciúme, a insistência dos telefonemas para falarem praticamente nada, o cerceamento dos horários.
Sempre as mesmas tramas de tolhimento da liberdade, que todos concordam e soltam gargalhadas buscando um refúgio para respirar.
Eu me faço de surdo.
Fico com vontade de pedir emprestada a chave da prisão para passar o domingo. Acho o controle comovente. Invejável.
Não sou favorável à indiferença, à independência, ao casamento sartreano. Fui criado para fazer um puxadinho, agregar família, reunir dissidentes, explodir em verdades. Duas casas diferentes já é viagem, não me serve.
Aspiro ao casamento pirandelliano, um à procura permanente do outro. Sou um totalitário na paixão. Um tirano. Um ditador. Não me dê poder que escravizo. Não me dê espaço que cultivo. Não me eleja democraticamente que mudo a constituição e emendo os mandatos.
Quero uma mulher perdigueira, possessiva, que me ligue a cada quinze minutos para contar de uma ideia ou de uma nova invenção para salvar as finanças, quero uma mulher que ame meus amigos e odeie qualquer amiga que se aproxime. Que arda de ciúme imaginário para prevenir o que nem aconteceu. Que seja escandalosa na briga e me amaldiçoe se abandoná-la. Que faça trabalhos em terreiro para me assustar e me banhe de noite com o sal grosso de sua nudez. Que feche meu corpo quando sair de casa, que descosture meu corpo quando voltar. Que brigue pelo meu excesso de compromissos, que me fale barbaridades sob pressão e ternuras delicadíssimas ao despertar. Que peça desculpa depois do desespero e me beije chorando.
A mulher que ninguém quer, eu quero. Contraditória, incoerente, descabida. Que me envergonhe para respeitá-la. Que me reconheça para nos fortalecer.
A mulher que não sabe amar recuando e não tolera que eu ame atrasado. Que parcele em dez vezes seu dia, que não pague a conversa à vista na hora do jantar, que não junte suas notícias para contar de noite como um relatório. Admiro os bocados, as porções, as ninharias. Alegria pequena e preciosa de respirar rente ao seu nariz e definir com que roupa vou ao serviço.
O amor é uma comissão de inquérito, é abrir as contas, é grampear o telefone, é cheirar as camisas. É também o perdão, não conseguir dormir sem fazer as pazes.
O amor é cobrança, dor-de-cotovelo, não aceitar uma vida pela metade, não confundi-la com segurança. Exigir mais vontade quando ela se ofereceu inteira. Enlouquecê-la para pentear seus cabelos antes do vento. Enervá-la para que diga que não a entende. E entender menos e precisar mais.
Quem aspira ao conforto que se conserve solteiro. Eu me entrego para dependência. Não há nada mais agradável do que misturar os defeitos com as virtudes e perder as contas na partilha.
Não há nada mais valioso do que trabalhar integralmente para uma história. Não raciocinar outra coisa senão cortejá-la: avisá-la para espiar a lua cheia, recordar do varal quando começa a chover, decorar uma música para surpreendê-la, sublinhar uma frase para guardá-la.
Sou doido, mas doido varrido. Bem limpo. Aprendi a usar furadeira e agora entro fácil em parafuso. Quero uma mulher imatura, que possa adoecer e se recuperar do meu lado. Uma mulher que me provoque quando não estou a fim. Que dance em minhas costas para me reconciliar com o passado. Que me acalme quando estou no fim do filtro. Que me emagreça de ofensas.
Não me interessa um tempo comigo quando posso dividir a eternidade com alguém.
Quero uma mulher que esqueça o nome de seu pai e de sua mãe para nascer em meus olhos. Em todo momento. A toda hora. Incansavelmente. E que eu esteja apaixonado para nunca desmerecê-la, que esteja apaixonado para não diminuí-la aos amigos.


E eu quero, sim uma mulher perdigueira.

Kiko Pereira

Solidão




É quando você chega em casa e despeja os cadernos no sofá. É no fim da noite, quando não tem ninguém em casa e os aparelhos eletrônicos estão desligados. É quando ninguém mais te telefona e você não tem mais compromissos pra fugir de si mesmo. É quando é só você e o seu vazio, você e o seu silêncio. E você se olha de frente, através da pele, através das máscaras e se pergunta qual o sentido de tudo, dos livros, das viagens, do dinheiro, do emprego, dos relacionamentos, e quase não sente nada, por nada nem por ninguém, nem por você mesmo.

A solidão percorre cada cômodo da sua casa, deita do seu lado na cama e insiste em se juntar no seu jantar quieto. Que medo deste silêncio! Que medo de escutar sua própria voz lhe lembrando das suas falhas. Medo que inquieta ou deprime, que faz andar de um lado para ao outro ou simplesmente dormir, dormir pra não ter de pensar. E quando não adianta? Quando além de sozinho a insônia surge pra lhe pirraçar? Você se entope de remédios ou vai ler, ou quem sabe encontra alguém só e insone como você para conversar na internet. O que interessa aqui, é que você não se suporta, não suporta este vazio, não suporta e não sabe conviver com este silêncio incomum. Até consegue, à luz do dia, em meio a multidões, mas quando chega o fim da noite... Você foge.

De qualquer forma, não tem como não abraçar esta solidão por alguns minutos, não tem como não passar alguns minutos com o olhar perdido lembrando de alguma coisa que você achou ter deixado pra trás. Não tem como você não sentir falta dos seus pais, ou dos seus amigos ou parceiro, ou quem quer que seja. Não tem como você não senti um pouco de falta de você mesmo, de quem você era a 2, 5, 10 anos atrás e da sua vida com menos crises existenciais e pensamentos nostálgicos.

Esta solidão tanto lhe assombra porque questiona os seus hábitos automáticos, porque lhe indaga sobre questões teoricamente estabilizadas, como seu trabalho ou relacionamento amoroso. Você tem medo de ouvir de si mesmo que precisa sair da posição cômoda e mudar tudo. Tem medo de ouvir que não ama mais aquele homem ou mulher, que não quer mais aquele curso, ou que simplesmente não quer mais viver.

E por isso, eu peço por você e por mim: Querida solidão, deixe-nos sozinhos.
Camilla Veras
***
Texto extraído do blog dessa linda e talentosa autora.

DESPERTAR!

Acordar, se deparar com um céu desnudo, sentir em sua pele os raios de sol que ainda no alvorecer do dia te aquecem seguido de uma suave brisa trazendo consigo o arrepio e a sensação de proteção divina. Você então sorri e diz: “obrigada, Senhor! Obrigada porque sabemos que esse amor que nos faz transbordar de alegria é uma graça Tua”.

Conheço pessoas que todos os dias acordam de mau-humor, desligam o despertador e suspiram imaginando levantar, sair de casa e pegar o engarrafamento na paralela, chegar ao trabalho e aturar o chefe, na faculdade os professores… “mais um dia árduo de sacrifícios” e assim começam o dia com todo esse pessimismo, sem muitas vezes nem perceber isso. Imagino como seriam os meus dias se todas as manhãs eu entrasse nessa capa de enfado antes mesmo de levantar da cama. Talvez ela se tornasse tão pesada que eu não conseguira tirar ao longo do dia.

Começar o dia é começar de novo, é a página em branco que Deus nos dá para que já com as forças renovadas nós possamos escrever belas linhas que constem muita aventura e amor. Um dia onde você irá enfrentar os vilões (professores e chefes); vencer as forças do mal (perseguições); ultrapassar a lebre (obstáculos); recusar os doces e as maçãs (tentações); dar uma de Robin Wood (fazer boas ações); escalar castelos (ir além); resgatar princesas (ajudar amigos); e por fim salvar o dia (conseguir chegar em casa bem humorado).

Para obter êxito nessa jornada devemos acordar dispostos a conquistar, nos despojando da ira, da malícia, das palavras torpes, da mentira, dos maus costumes. Agindo com misericórdia, humildade, longanimidade, benignidade, revestindo-nos de amor, sendo esse o vínculo da perfeição assim como Deus nos ordenou. Se pararmos pra pensar que o simples fato de abrirmos os olhos mais uma vez já é uma dádiva do Senhor para conosco, ainda que por isso nada merecêssemos, não acordaríamos resmungando. Por isso continuo a dizer que enquanto alguns esperam por motivos pra sorrir eu preciso de muitos para chorar (quando assim for por tristeza). Quero acordar e dizer: “Ontem foi um bom dia! Hoje, será bem melhor!”. O que vai ter escrito nas linhas do teu conto?

Azul clichê



Nesse último domingo, as pessoas que estiveram entre a Linha do Equador e o Polo Sul ou Norte do planeta Terra puderam assistir a um espetáculo da Lua cheia. Ela surgiu indiscretamente e  - linda - prosseguiu sua jornada como havia de ser.

E, como havia de ser, nasce outro dia com o intenso brilho do Sol que surge sobre o mar ou por entre prédios, nuvens e montanhas.

A fascinante beleza desses fenômenos e do azul, entretanto, dispensa mais comentários. Dispensa mesmo, pois isso tudo já é mais que clichê. Está batido nas mais belas e populares canções de amor, nos filmes mais românticos e nas conceituadas revistas de decoração.

Então, faz-se das coisas reais a ilusão de um romance azul ideal, onde a beleza reside no que é perfeitamente puro, azul como o céu e lindo como a luz do luar. As expectativas se tornam previsíveis e padronizadas, e tudo acaba se reduzindo ao desejo de ver e ter o que é perfeito, clichê.

Essa obsessão pela aparência clichê impede a percepção da grandeza que há na beleza da simplicidade. Na simplicidade do céu numa noite escura, por exemplo...




Deixa eu te contar uma história...

Esses dias eu estava dentro de um ônibus e lembrei o momento em que tive que escolher em que faculdade eu iria estudar. Fiquei pensando o quanto essa escolha mudou a minha vida, e tentando imaginar como poderia ser o diferente. Pra mim é quase imensurável.

Na época talvez eu não tivesse tanta noção do quanto isso influenciaria em todas as outras áreas da minha vida, ainda assim foi muito difícil optar por uma, partindo do ponto de que ambas eram muito bem vistas por mim. Eu deveria então estabelecer novos critérios para que eu pudesse ponderar as vantagens e desvantagens. Foi incrível como tudo na época favorecia a minha atual faculdade, coisas mínimas como o atendimento na recepção.

Mas voltando ao trajeto no ônibus, eu fiquei pensando como seria a minha vida sem as pessoas que hoje fazem parte dela e que conheci lá, é angustiante não saber como seria o diferente, mas ao mesmo tempo, mesmo sem saber o outro lado, tenho certeza da escolha certa. Certeza que só é possível porque antes de qualquer critério estabelecido por mim, eu pude colocar “minha” decisão nas mão de Quem sabe melhor do que ninguém o caminho em que devo seguir (Pv. 16.25). Eu sei que essa sim foi a maior e melhor escolha que já fiz.

Diante de toda essa reflexão, passei a semana pensando como seria se pudéssemos parar completamente o tempo em alguns momentos e analisar todas as escolhas que fizemos até aqui e as que estão em nossa frente só esperando a nossa ação.

Há todo momento somos convidados às escolhas e renuncias. Que possamos escolher com sabedoria... o fato que eu trouxe é aparentemente mais “sério” ou “importante” do que como por exemplo, escolher sair 10min. mais cedo ou mais tarde de algum lugar. No meu ponto de vista a diferença está apenas em que a primeira é visivelmente um fator de grande influência na vida, o que não quer dizer que os 10min. também não sejam.

Não deixe que a sensação de arrependimento permeie o teu coração, que a angustia da duvida se instale na sua vida.

A nossa vida diante das escolhas é como uma bola de neve, ainda que “rolemos” para o lado inverso, estaremos sempre acumulando mais neve.

A casa dos pássaros


Bonito, não é? Mas não é meu não. 

Como somos vistos e Como queremos ser


Há dois anos , no mundo inteiro, estourou uma crise financeira. Fruto de uma bolha de especulação no ramo dos imóveis nos EUA. Os Americanos, por causa do crédito fácil, compravam o que não podiam pagar, superaquecendo o mercado sem a liquidez necessária.  Nós brasileiros passamos com poucas sequelas por essa crise, mas sofremos com outra bolha. A autoestima.

Depois de 16 anos de desenvolvimento e exposição da boa imagem dos brasileiros, nosso país deixou de ser apenas  do samba e do futebol. Passamos a vencer em outros esportes, sermos reconhecidos em outros tipos de arte, e começamos a exportar nossa cultura.  Sentimos orgulho dos nossos grandes empresários, da nossa economia (temos o sétimo maior PIB). WOW! Somos membros do Conselho de Segurança da ONU. Isso tudo deixa o povo de nossas bandas cada vez mais feliz com seu estado. Nos sentimos pequenos Eikes agora.

Aí vem um filmezinho legal chamado Rio. Que mostra araras azuis americanas e um povo Brasileiro hospitaleiro, feliz, malandro e amante do samba, como nos velhos clássicos dos anos 50 (Orfeu Negro, os musicais de Carmem Miranda e etc.), quando o brasileiro só tinha isso pra mostrar. Aí vem a crise da autoestima:  “Ah! Nós brasileiros temos muito mais pra mostrar do que malandragem e samba.“ Pois é, mas não é isso que vemos nesse vídeo:

 http://www.youtube.com/watch?v=xNyvpPhFKBE

Não vou ser chato o bastante pra dizer que isso não foi engraçado, mas o coitado do japa até hoje deve gritar “piru pequeno” quando vê Zico na TV. O brasileiro médio, apesar das mudanças econômicas, continua com a cabeça muito parecida com aquele dos Clássicos. Substituímos ou incrementamos algumas coisas. Trocamos o samba pela ”surra de bunda”.  A malandragem continua a mesma coisa. Estacionamos em vagas de deficientes, furamos filas, enfim, saímos orgulhosos quando burlamos alguma regra impunemente.  A mídia que idolatrava o lance de Nilton Santos na copa de 58 (quando ele comete a falta e dá dois passos pra fora da área pra dizer que não foi pênalti) parece ser a mesma que hoje repete esse lance em todo primeiro de abril como se fosse símbolo da esperteza do povo verde-e-amarelo.



A imagem política criada lá fora formou uma bolha de autoestima no brasileiro. Somos mais fortes, mais ricos, mais potentes, mas continuamos com a mesma cabeça do malandro Grande Otelo. Pobre, sambista, feliz e que usa a malandragem pra ter tudo aquilo que nós já conseguimos.

Sobre o que ainda não se sabe

Essa imagem é a inspiração e o texto completo.
Arte de Alex Ross


As pessoas que conhecemos hoje podem não representar nada do que será mais característico nelas no futuro. Os traços mais marcantes da personalidade de alguém, suas características físicas mais singulares, seus chavões inconfundíveis, os feitos que consagraram sua reputação... O que será a  peculiar marca pessoal, a identidade, hoje, pode nem estar em processo de formação. Pessoas não são previsíveis e imutáveis.

Na infância, os amigos do pequeno Albert Einstein não podiam imaginar que aquele garoto teria sua imagem eternamente associada a um bigode. Que examinador da academia de artes poderia supor que estava reprovando o jovem órfão que seria o futuro reverenciado ditador alemão Adolf Hitler? O tímido e imaturo Clark Kent, habitante de uma fazenda de uma pequena cidade do interior, poderia se enxergar como o  poderoso Superman, o herói embaixador da paz intergalática que viria a ser um dia?

A vida é surpreendente ou o destino é implacável?


O Fado da Cuíca - Pt4

Capítulo IV

Bárbara, nunca é tarde...

Acertei o preço das aulas por telefone. No primeiro encontro fui arrebatado por um olhar que tentou buscar na memória algum rosto recente. Reparei que em cima da mesa jazia brilhante e bem conservada uma caneca do Benfica e o pôster dos Campeões da Europa de 62 pendurado na parede.  Fiquei impressionado como naquela casa tudo remetia aos Encarnados, à República e ao Fado.  As guitarras portuguesas, os cravos, as recordações de Eusébio, tudo naquele lugar cheirava a alecrim. Passei algum tempo fingindo ser aluno de História Portuguesa, mas, na verdade eu me apaixonava por um pedacinho daquela terra em um apartamento de 62 m² no centro de Lisboa, e por sua dona, que me encantava e tinha um olhar renitente em cruzar o meu por isso vivia vidrado nos livros e nos textos. Depois de meses de aula já me sentia português, torcedor do Benfica, e muito mais próximo de Bárbara. Era figura costumeira no Estádio da Luz. Vi o time Supercampeão com 14 títulos em 18 anos, vi a república portuguesa ser tida como a salvação do país e vi o Fado crescer como identificação cultural dos lusos. Em uma das últimas aulas do ano, eu já não suportava mais Afonso Henriques, pedros, migueis, marias. Num arroubo lhe disse “Bárbara, tenho que confessar-te algo!” ela esbugalhou seus olhos verdes “Fala, Fran! Estás a me matar de medo”. Fechei os olhos e fui uma hemorragia de confissões, quando eu os abri, Bárbara era a maior mulher do mundo, não existia mais nada naquele apartamento, só ela. Sua boca era tão grande naquele momento que ela exercia uma gravidade que a minha não resistiu, nem podia.

O Fado da Cuíca - Pt3

Capítulo III

Tanto mar

Nessas turnês cresci, ganhei dinheiro, conheci muitos lugares. Mas o último lugar que visitei e me apaixonei foi Lisboa. Não passaríamos por lá, Portugal vivia numa crise da ditadura e as obras tinham sido censuradas. Fomos graças à Revolução dos Cravos em 25 de abril de 74. Fiquei maravilhado com a cidade e com a efervescência política depois do acontecido. Em 77, resolvi me estabelecer por lá, tinha juntado um bom dinheiro e não precisava me preocupar com trabalho por algum tempo. Vivia de bar em bar me envolvendo com um novo tipo de som, o Fado, este entrava na minha cabeça muito mais como poesia decassilábica sem ligar muito pro seu ritmo. Em um Café encontrei uma bela fadista portuguesa. Aquela Jovem de cabelos longos e negros, pele azeitadada de Algarves, olhos verdes e grandes carregados de gravidade, talvez pela alma da canção, não chamava muita atenção por ser um tipo comum vindo do sul da Península. Mas ela me lembrava uma moça que tinha visto em fotos sobre a Revolução dos Cravos que o Ruy Guerra vivia mostrando pra Chico Buarque. Resolvi perguntar ao balconista quem era a moça. Pouco sabia. Disse-me que o nome dela era Bárbara, era professora de História pelo dia e cantava Fado nas terças e quintas naquele café. Já era o suficiente para mim. Fui logo me apresentar a ela. Não sei de onde veio tanta coragem, talvez tenha vindo com a confiança que ganhei na turnê, ou de não se importar mais com a língua presa por já estar falando um outro português. Sei que Bárbara fez pouco caso de mim, não tinha muito o que me falar. Apenas agradeceu os elogios e respondeu minhas perguntas. Fiquei louco para aprender mais sobre o Fado e a poesia que se esconde atrás dele, até que um dia encontrei na parede de um edifício no Bairro da Mouraria um papel escrito “Reforço de História Portuguesa – Professora Bárbara Carvalho”.   Não precisava saber de História Portuguesa, mas eu tinha que ver aqueles olhos verdes outra vez.

O Fado da Cuíca - Pt 2

Capítulo II

É verde, é rosa!

Tinha dois grandes sonhos na minha vida, jogar pelo América e desfilar com a Mangueira. O primeiro foi desfeito por uma lesão no joelho em um dos testes. Tinha 16 anos e o América não acreditou na minha reabilitação. Chorei. Chorei até ter pena de mim mesmo. As palavras do treinador só pararam de doer quando eu recebi um convite de um tal de Agenor, amigo de meu pai, que me convidou pra tocar a  velha Cuíca na verde e rosa. Desatei a estudar música, o vermelho do Mecão já não tomava grande parte do meu coração, mas dava lugar ao verde e  rosa da Estação Primeira. Logo no meu primeiro carnaval em 61 fomos campeões com o enredo “Reminiscências do Rio antigo”, repetimos o feito em 67 e 68 quando eu mudei pra bateria da escola e também quando eu conheci a Cecília, a Porta-Bandeira. Era louco por ela, a ponto de brigar com o Moreirinha, o mestre-sala, sujeito que nunca me fez mal, por puro ciúme. Cecília era uma morena de pele macia, olhos negros e fundos, sorriso alvo e perfeito, mas o que mais espantava nela era seu jeito de andar. Seu desfile fazia o morro parar, como se todos esperassem por aquele momento. E tudo só voltava ao normal, quando sua graça se perdia no horizonte e ninguém mais a via. Sempre tive vergonha de falar com ela, talvez pela minha fala medonha, talvez pela minha timidez, talvez por ser só mais um baterista e ela ser A Porta-Bandeira. Passei a não ligar mais pra ela, vinha crescendo como baterista da escola e soube que o sobrinho do Jamelão tinha uma queda por ela, era “melhor não mexer com essa gente grande” sempre disse meu pai e eu consentia. Em 73 fomos campeões de novo, dessa vez a bateria foi destaque da Escola. Fui convidado pra ser percursionista de uma turnê com Chico Buarque com o objetivo de promover o CD e a peça “Calabar”.

O Fado da Cuíca

Capítulo I


Nasce Chico Cachaça


Meu nome, Francisco Santos, nascido em 1944 no Morro da Mangueira, onde fui criado. Vindo de onde eu vim só tinha um destino. Dar samba! Logo, logo meu pai me colocou nas rodas de Bamba, nelas eu comecei a ser conhecido como Chico Cachaça. Pura ironia dos meus parceiros. Parei de beber no primeiro porre, quando apanhei tremendamente de minha mãe com 17 anos- Só deixei de apanhar da velha no dia em que seus reflexos já eram mais lentos que meu corpo. O apelido vem muito mais da gozação que sempre se fazia quando eu mastigava o som do “x” e do “ch” e com essa alcunha eu era obrigado a falar duas vezes. Por causa desse defeito sempre fui muito tímido, nunca fui de falar muito, muito menos cantar. Fui relegado à cuíca, nunca reclamei, gostava dela, mas só gostava por causa das cuícas que eu ouvia em outros sambas e na minha escola de coração, a Estação Primeira de Mangueira.

O livro, a menina; a mulher e seu amante

Bem, agora, vamos ao texto.

Tive vários professores marcantes durante minha vida. Um desses foi o de redação no terceiro ano. O cara tinha muito conteúdo, ensinava bem, tinha uma personalidade única e era muito estranho para um professor de uma tradicional escola católica. Tinha, ensinava e era. Ele morreu ano passado...

Lembro bem o dia em que ele contou para a turma um conto de Clarice Lispector entitulado "Felicidade clandestina". Depois do conto, uma aula minuciosamente arquitetada por um brilhante mestre. Ele era manipulador, um brilhante manipulador.

Clarice é uma das mais importantes e reconhecidas escritoras da língua portuguesa, e isso já diz alguma coisa. Tenho lido e me maravilhado por demais com a enigmática literatura dessa autora ultimamente. Estou chegando a conclusão que ela é definitiva, não dá pra ler só uma vez. Acho que sempre vai ser necessário pra mim voltar aos seus contos pra alcançar novas percepções nas entrelinhas. O que posso falar sobre Clarice? Leiam seus livros, leiam...

Pois bem, o conto é fascinante. Naquele momento foi contado com todo o entusiasmo maquiavélico do meu querido professor. Ele era um artista naquele momento, mas, naquele momento, seu talento não estava acima do de Clarice.

Eu já disse, ele era manipulador, e mesmo que a nossa turma debatesse euforicamente por setenta e três minutos, nos últimos dez da aula, ele sempre conseguia fazer com que todos concordassem com suas idéias. Brilhante. Brilhante e perigoso.

Nem todos percebiam isso naquela época, eu também não. Mas o fato é que fiquei extasiado com a aula e com o conto, principalmente com o conto. Conheci mais da autora depois, mas nunca achava o tal conto da menina devoradora de livros. Não conhecia ao menos o título.

Há uns dez dias comprei um ótimo livro chamado Clarice na cabeceira. Começava a ler cuidadosamente mais um conto quando, logo no primeiro parágrafo, me veio o reconhecimento, as várias recordações e a alegria de ter enfim achado-o. Li, então, mais cuidadosamente ainda.

Algum tempo depois, ainda com o livro aberto em minhas mãos na última página lida, me surpreendi com a maneira pela qual aquilo estava acontecendo. Eu não estava buscando significados metafísicos, não estava voltando aos parágrafos anteriores pra ver se o que eu pensava fazia sentido, não estava pensando na aula que tive nem fazendo comparações com a maneira quase teatral  que aquele professor encontrara para transmitir o belo conto que até agora não entendi muito bem. Não, não era nada disso. Eu estava tão somente perplexo pelo choque entre o conto que de fato existia, mas que só estava em minha mente segundo a visão de outras pessoa com a realidade, com o que o conto realmente é sem a maquiagem de um ator.

Achei insano perceber como as experiências vividas são muitas vezes recheadas desses choques instantâneos. É uma loucura esse negócio de de repente estar frente a algo cuja existência  já fora conhecida, mas nunca encarada. Mas estar frente a determinadas realidades não significa exatamente  ter sensações imprevisíveis e pensamentos fervilhando acerca da realidade de longe conhecida com a realidade nua e crua. Isso pode apenas fazer não se pensar em mais nada, apenas deixar perplexo, sem reação. É a maneira mais impactante de tornar-se expectador de si mesmo.


Jehiel Casaes


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Para ler o conto, clique AQUI
Para talvez entendê-lo, clique AQUI 
(Eu não entendi muito bem até agora)

Januária

Seus lábios fazem parte de uma linhagem real. Seu dedo tem o molde perfeito, feito pra invadir minha cabeça entre meus cabelos até minha nuca, entretendo minha pele. Sua voz tem um sereno jeito, corta macia meus ouvidos correndo um atalho, um caminho ilógico, que desbrava meu corpo inteiro.Sua íris castanha e direta tem um feitiço de roubar a utilidade dos outros olhos de olhar, e dá-lhes apenas a opção de saltar. Os antigos não perderiam o tempo com Netuno. Se te conhecessem, saberiam que apenas seus pés na areia fazem uma maré encher.




Nosso amor já estava escrito em anúncios, tratados, dados oficiais, estrelas, João Bidu.

Um por todos, todos por um





As músicas do acústico dos Engenheiros do Hawaii foram as que mais escutei entre 2006 e 2008. Letras muito inteligentes e um som de muita qualidade foram suficientes pra fazer minha cabeça por um bom tempo. Eu começava escutar logo quando me levantava pra ir ao colégio. Ia ouvindo no caminho, escutava nos intervalos, e quando voltava pra casa arriscava algumas músicas deles no violão.

As letras desse álbum são brilhantes, me fazem viajar toda vez que ouço-as. Conheço todas de cor. Hoje a minha lista de preferências musicais é  maior e mais eclética do que era há cinco ou seis anos atrás, mas eu curti muito esse álbum em determinada fase da minha vida e isso ainda me faz gostar muito dele. Letras geniais que me fizeram pensar muito, músicas muito bem produzidas... Pronto, isso já é o suficiente pra Engenheiros estar entre minhas bandas preferidas. Ou não.

Até uns dias atrás eu pensava que essa era uma das minhas bandas preferidas, mas não é. É verdade que escutei suas músicas incansavelmente durante dois anos e pouco e que eles me influenciaram bastante nesse tempo, mas Engenheiros pra mim ainda é apenas o Acústico Mtv, e eles são muito mais que isso. Ela tem dezoito álbuns e quase trezentas músicas, mas eu só conheço umas poucas que estão fora do acústico.  Só sei o nome do vocalista, não sei da história da banda, da história das músicas e nem dos outros dezessete álbuns. É muito pouco e muito superficial pra se declarar um fã como eu me declarava.

Cheguei a conclusão que não conheço Engenheiros, conheço o Acústico Mtv Engenheiros do Hawaii, e isso talvez não seja o suficiente pra gostar do todo pela parte com tanta convicção. Ou não, talvez seja.

Desligue a TV!


Há muito tempo sem acompanhar novelas, mas neste sábado, casualmente, assisti ao final da novela Passione da Rede Globo.

A emissora traz uma série de questões e problemas sociais como pedofilia, drogas, corrupção, traição, mentiras, o que acaba funcionando como um serviço de utilidade pública, ao fazer as pessoas se indignarem com os acontecimentos.

O que talvez não fique evidente para a massa entorpecida pela trama é a sutileza com que esses assuntos se tornam normais, criando padrões de comportamento (por imitação), levando as pessoas a agirem de forma que a exceção se torne a regra geral. Isso se dá pela inversão dos valores morais, éticos, também distorcendo os valores da família e do casamento. Um exemplo do desprezo por estes valores fica patente na normalidade da bigamia como solução alternativa nestes tempos de infantilização das relações, quando o adulto se sente impossibilitado de fazer escolhas, e como resposta, não consegue abrir mão de uma parte.

É óbvio que a superexposição de alguns temas acaba gerando uma falta de sensibilidade onde o mundo da fantasia passa a ser tão ou mais vibrante que o mundo real, uma vez que as novelas expõem detalhes que, mesmo inverossímeis, fazem parte da agenda de debates semanais. O que parece é que a inversão não é só dos valores da moral e da ética, como também do real e da fantasia. No mundo real, parece que tantas pessoas acreditam em Papai Noel, em políticos corruptos, onde bandidos condenados merecem perdão, já que os Direitos Humanos não são para os humanos direitos. Pouco a pouco uma nova camisa de força se implanta na sociedade enquadrando os temas do “Politicamente Correto”.

Uma das facetas da liberdade é poder dizer não a estas coisas.

Desligue a TV!

Whisky, cachaça, tequila, rum e REDBULL

Eu fico impressionado com o poder de convencimento da internet. Realmente essa ferramenta veio pra revolucionar o mundo e tem demonstrado seu poder quase que infalível. Parece uma grande loja de departamentos, onde são disponibilizados todos os tipos de mercadoria. Um prato cheio pra quem gosta de fartura.

Contudo, temos que enxergar que coisas sombrias e um tanto quanto inusitadas acontecem por aí. Lembro bem de um movimento feminino que teve, onde um e-mail era disparado para a trupe das mulheres. Este e-mail dizia mais ou menos assim: “Onde você guarda sua bolsa quando chega em casa? Responda essa pergunta apenas colocando o local no perfil do Orkut, no MSN, no Facebook e demais redes sociais. Um detalhe: não divulguem este e-mails pros homens para eles ficarem curiosos.”

Acreditem: consegui enxergar um grupo de meninas saltitando, batendo palmas e dando gritinhos agudos e irritantes (a tradução dos gritos é “amigas somos demais!!!”) comemorando o sucesso da operação. Daí vêm as indagações, meninas:

Qual o objetivo disso? Quem conseguiu iludi-las que isso seria eficaz? E hoje? O que isso trouxe pra vocês?

Algum tempo depois e me deparo com várias meninas colocando nas frases do Orkut: “Redbull”, “Whisky”, “Tequila”, “Gim”, “Rum”, etc. Vou deixar aqui um Link da possível fonte dessa “nova” “moda” feminina. É um texto que fala sobre mulher versus bebida, associando personalidade feminina ao tipo de bebida. Na lista não tem Redbull, o que me fez pensar numa possível leitura de personalidade da mulher que se identificou como tal:

1) As santinhas que não bebem ou que pensam que se associar o nome à bebida alcoólica serão excomungadas.

2) Aquelas que pensam que estão tão acima dos homens que eles terão que criar asas para alcançá-las

No fim aprendi uma coisa: não misture mulher com bebida, bolsas e, principalmente, internet! O resultado é daí pra pior. Prefiro confiar no brother abaixo:


Pô, mulherada... Acorda aí, né? Vocês não aprendem nunca!

Torpor

O som da furadeira do vizinho invadiu meu sono como uma britadeira, a vassoura fustigou os meus ouvidos com um barulho agudo e infernal, trazendo um azedume aos dentes como tivessem sido lixados naquele momento , eu mal sabia se essas sensações eram reais ou faziam parte da minha fantasia noturna. Não tive tempo de saber. Se pelo menos fossem sonho, o estorvo passaria mais rápido, apesar de contaminar o dia inteiro com lembranças  macabras, que não fariam o menor sentido. O sonho não me deu a possibilidade de questionar nada nem ninguém, eram imagens disparadas que atingiam o projetor interno do meu cérebro, o tempo de consultar minha memória na esperança de reconhecer algumas delas, era menor do que o intervalo entre uma face e outra. Então, eu me furtava a atirar para o alto , espantar todo tipo de medo, sentar na minha poltrona e ouvir o único som que não era de furadeira e nem de vassoura. Blossom Dearie tocando um Jazz no limiar do audível era o que me acalentava.

O Insanoscópio

O blog não tem estilo literário definido, nem assuntos limitados. Vamos falar de tudo e de nada; do velho e do novo; do engraçado e do sério. Ainda assim, vocês vão perceber o estilo de cada escritor de forma muito clara. Lê quem quer ler. Divulga quem curte e acompanha a gente. Se somente nossos amigos acessarem, estaremos no lucro.

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