Segunda- feira é um dia diferente. É o primeiro teste. Não sei se depois da ressaca emocional do Domingo e da tarde catártica e vazia de ideias do Sábado fizeram que minha cabeça deixasse de reconhecer a paixão da Quinta. Mas logo vem, não precisa vir de frente, não precisa ser por muito tempo, não precisa estar sorrindo, ou com rosto marcado pela exaustão da caminhada, precisa só se fazer conhecida pelas minhas veias que quase não suportam a quantidade de sangue que o coração desesperado em disparada bombeia. A segunda termina com sorriso de não-sei-o-quê .
Terça é o dia da coragem. Mas só a observo. Foi-se o teste, também evaporou qualquer dúvida do sábado ou do domingo, dias que parecem nem existir na cidade do Pó. É o dia de pensar em falar tudo aquilo que você tinha ensaiado e... nada. Logo vem o calafrio e foi-se a terça com gosto doce por ser só terça...
Não adianta ele dizer que nunca sentiu algo parecido na sua vida. A paixão é como um filme da sessão da tarde, aquele que é bem repetido, mas nunca entendido ou assimilado. Hoje ele falou com ela, mal pode encará-la, foi um misto de pudor do pudor dela com fascinação excessiva daquela menina que indagava o trivial, e impressionava com o simples. Assim foi a quarta-feira ele falou com ela e a olhou nos olhos. Acabou o dia com impressão de ter sido puxado por Ulsain Boldt fazendo tudo em 9 segundos e blá blá blá milésimos... Façamos o tempo engatinhar na Quarta!
Quinta é o dia chave, fazer alguma coisa ou deixar ser mais uma semana de minha vida? Ela cada vez mais parece uma pintura que o seu autor admirado com tanta maestria, não admitiu que seu moto, sua própria assinatura, atrapalhasse a pureza daquele quadro. Seus passos batucam em francês fino e romântico, como uma canção de Paulinho da Viola, assim parecendo que seu coração leviano palpita nos pés finos e aparentemente macios dessa meia-morena .