Como somos vistos e Como queremos ser


Há dois anos , no mundo inteiro, estourou uma crise financeira. Fruto de uma bolha de especulação no ramo dos imóveis nos EUA. Os Americanos, por causa do crédito fácil, compravam o que não podiam pagar, superaquecendo o mercado sem a liquidez necessária.  Nós brasileiros passamos com poucas sequelas por essa crise, mas sofremos com outra bolha. A autoestima.

Depois de 16 anos de desenvolvimento e exposição da boa imagem dos brasileiros, nosso país deixou de ser apenas  do samba e do futebol. Passamos a vencer em outros esportes, sermos reconhecidos em outros tipos de arte, e começamos a exportar nossa cultura.  Sentimos orgulho dos nossos grandes empresários, da nossa economia (temos o sétimo maior PIB). WOW! Somos membros do Conselho de Segurança da ONU. Isso tudo deixa o povo de nossas bandas cada vez mais feliz com seu estado. Nos sentimos pequenos Eikes agora.

Aí vem um filmezinho legal chamado Rio. Que mostra araras azuis americanas e um povo Brasileiro hospitaleiro, feliz, malandro e amante do samba, como nos velhos clássicos dos anos 50 (Orfeu Negro, os musicais de Carmem Miranda e etc.), quando o brasileiro só tinha isso pra mostrar. Aí vem a crise da autoestima:  “Ah! Nós brasileiros temos muito mais pra mostrar do que malandragem e samba.“ Pois é, mas não é isso que vemos nesse vídeo:

 http://www.youtube.com/watch?v=xNyvpPhFKBE

Não vou ser chato o bastante pra dizer que isso não foi engraçado, mas o coitado do japa até hoje deve gritar “piru pequeno” quando vê Zico na TV. O brasileiro médio, apesar das mudanças econômicas, continua com a cabeça muito parecida com aquele dos Clássicos. Substituímos ou incrementamos algumas coisas. Trocamos o samba pela ”surra de bunda”.  A malandragem continua a mesma coisa. Estacionamos em vagas de deficientes, furamos filas, enfim, saímos orgulhosos quando burlamos alguma regra impunemente.  A mídia que idolatrava o lance de Nilton Santos na copa de 58 (quando ele comete a falta e dá dois passos pra fora da área pra dizer que não foi pênalti) parece ser a mesma que hoje repete esse lance em todo primeiro de abril como se fosse símbolo da esperteza do povo verde-e-amarelo.



A imagem política criada lá fora formou uma bolha de autoestima no brasileiro. Somos mais fortes, mais ricos, mais potentes, mas continuamos com a mesma cabeça do malandro Grande Otelo. Pobre, sambista, feliz e que usa a malandragem pra ter tudo aquilo que nós já conseguimos.

O Insanoscópio

O blog não tem estilo literário definido, nem assuntos limitados. Vamos falar de tudo e de nada; do velho e do novo; do engraçado e do sério. Ainda assim, vocês vão perceber o estilo de cada escritor de forma muito clara. Lê quem quer ler. Divulga quem curte e acompanha a gente. Se somente nossos amigos acessarem, estaremos no lucro.

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