Não desse jeito

Eu não sei como é que as pessoas continuam comprando essas revistas com fofocas e resumos de novelas, parece que não sabem o quanto aquilo está encharcado de mentiras. Elas são um sucesso, nunca saem das bancas e das prateleiras de mercado. As mentiras e as revistas. Não sei, parece que há algum tipo de emoção em descobrir o que é profeticamente correto. É uma loteria literária, sabe?

Essa imprensa passa todo tipo de informação, mas a gente nunca sabe se aquele ator realmente usa drogas; se aquele outro terminou o casamento porque foi traído; se fulaninha realmente fez aquela lipo; se nessa semana o assassino-vilão-master vai ser pego na novela das oito e coisas parecidas. Mas de uma coisa podemos pode ter certeza, elas não são confiáveis. A gente pode até comprar uma um dia, ler cuidadosamente, depois colocar  o cachorro pra fazer o trabalho sujo nela e, enfim, vendo as novelas, descobrir que foi pura perda de tempo consumir aquilo ali. Mas mesmo assim é difícil ficar decepcionado.

É, sabemos que são previsivelmente decepcionantes, portanto, já vamos nos preparando pro que der e vier. "Acertou, Caras? Beleza! Outra furada, Tititi? Aaah, eu já sabia!" . Uma coisa mais ou menos assim acontece quando verdadeiros amigos erram conosco. Já conhecemos suas fraquezas, suas limitações, seus defeitos e, quando as coisas vão desalinhando, é mais fácil entender os motivos dos vacilos. Assim, é mais fácil perdoar e saber que aquilo pode acontecer outra vez, mas é possível aprender a lidar e conviver com isso. Acaba não sendo uma grande decepção, mas uma natural falha humanamente aceitável. Ou não.

Complicado é decepcionar a si mesmo quando acreditamos que uma pessoa é o que acreditamos que ela seja, quando, na verdade não é. Ela não precisa necessariamente ser falsa ou dissimulada, basta que sejam alguém diferente do que , no íntimo, imaginávamos que fosse . Dessa maneira, repito, é decepcionar a si mesmo. O que é muito mais cruel.


Ou não.
 


 Jehiel Casaes

5 comentários:

Raylaine 11 de novembro de 2010 às 06:51  

Oxe... Esse post está muito bom! E você falou que talvez não fosse postá-lo? Ainda bem que voltou atrás, Jê!

Estava aqui pensando o quanto, mesmo depois de decepções terríveis, quando decidimos deixar de dar credibilidade a certas coisas, nos pegamos confiando de novo... É assim com a mídia, quando descobrimos que ela não filtra muito o que publica, é assim quando quebramos a cara com um amigo, fazendo um link com o seu post antigo, é assim com o amor não correspondido também... porque quando sofremos decidimos nunca mais nos entregarmos tanto novamente...

Mas é aí que entra a nossa memória curta... voltamos a confiar ou nos iludir que confiamos... então voltamos a confiar na mídia, no amigo, no nosso coração...

Me pergunto e até hoje não tive uma resposta concreta... será que seria bom não nos iludirmos ou será que a ilusão já é em si um mecanismo de proteção pra que não soframos mais?

samara 11 de novembro de 2010 às 20:48  
Este comentário foi removido pelo autor.
samara 11 de novembro de 2010 às 20:50  

Muito bom seu texto...gostei bastante da analogia que vc fez. Acredito que situações de decepções sempre aconteceram em nossa vida, como nada acontece por acaso, penso que elas ocorrem para que possamos aprender algo, mesmo que as vezes nos traga sofrimento.
Mas uma coisa é certa, depois de vivência-las jamais seremos os mesmos...

é isso...

Edom 13 de novembro de 2010 às 10:08  

costumamos nos apegar na crença de que algumas pessoas são perfeitas... principalmente nossos alvos primários de admiração...

Victor Dias 13 de novembro de 2010 às 17:45  

é tipo minha vó que lê todo tipo de revista de fofoca, leão lobo etc e tal, mas acaba sempre chorando no final...

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